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"Fragmenta-te para depois juntar-se" e "Enlaça-te para depois perder-se"

Gabriella Barbosa

Video

2020

O trabalho apresentado trata-se de um díptico de vídeos digitais a serem apresentados sobre algum suporte televisivo. Cada vídeo parte de uma ação que implica em diferentes maneiras de fragmentar ou quebrar um ovo, que é apropriado como objeto simbólico. No primeiro vídeo, apresenta-se a ação contínua de rasgar a gema de um ovo aberto sobre um espelho com uma tesoura; e em segundo, amarra-se um fio de barbante em volta de um ovo puxando as extremidades do nó até que a pressão sobre este faça-quebrar. As imagens em loop, em um eterno retorno contínuo exploram um acontecimento e uma ação obsessiva de fragmentação que circunda a vida em seu ciclo de nascimentos e mortes, de rasgos atravessados a serem juntados. A imagem em movimento ininterrupto explora a unicidade de um instante eternamente presente em que a vida acontece, de um passado que avança em futuro e, então, retorna - uma retroalimentação paradoxal entre o fim e o princípio, entre a dor e o prazer do atravessamento, entre a vida e a morte A vida é uma perfuração em loop, de instantes que perpassam o campo da experiência. A vida é também um rasgo de pedaços perdidos a serem enlaçados (e às vezes nunca encontrados), e a repetição de dores e afetos que transpassam; repetir para compreender, simbolizar, comunicar. A vida é também ovo. A gema; uma placenta rasgada, o imaculado perdido, a perfuração do limiar entre prazer e dor, a humanidade em sua brutalidade animalesca. Um ovo se quebra e o mundo se abre - de uma primeira morte nasce, enfim, a vida - corpo aberto, pele crua. Da repetição cíclica entre o fim e o princípio, dilui-se em gema, em busca de uma carcaça já deteriorada e que resiste como película da memória.

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