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IdENTiDaDe

Nicho curatorial

   O ser  emerge em meio ao Antro, dele obtém referências como cultura, história,  local e idioma e por esses e outros meios se constitui. A identidade por si propõe uma ideia de personalidade imutável, profundamente associada à um caráter fixo, sempre igual e acoplada no nosso corpo e cerne. 

   Entretanto, em meio à Modernidade Líquida já anunciada por Bauman, como exigir estabilidade diante de um  percurso existencial que agora se revela leve, instável, volátil e desafiador. O processo de identificação do sujeito sociológico na pós modernidade se traduz em um complexo cada vez mais diverso, permeado por experiências descontínuas e fragmentadas. As práticas sociais flutuam agora sem um referencial antes dado pelo peso da tradição, gerando assim, uma sensação ambivalente de liberdade e desamparo. 

   A exposição Era das Fragilidades investiga a identidade contemporânea a partir do propósito de que ela é frágil, amorfa e transmutável. Um corpo em constante transformação. Somos os mesmos à todo instante? Vivemos sem máscaras? O que sou eu? Eu sou imutável? Até que ponto existe identidade na contemporaneidade? 

   As obras Superego: se não for agora, não sei o que será de mim de Theu, Máscaras de Natalia Tavares e A Belas Artes acabou com a minha vida de Theo Luiz Casadei costuram o conceito de identidade onipresente e amorfa. A mutabilidade dos indivíduos passam a ser como máscaras de personagens representados a cada ato da vida. Somos uma identidade nas redes, possuímos uma identidade com cada pessoa e desempenhamos um papel pelo sistema. 

   Identidade denota-se construção, os papéis e performatividades que os seres desempenham no processo educativo desde o nascimento. A Série: Cartografias de cisão de Gabriella Barbosa aponta o nascimento e como as partes construídas formam o todo na construção do ser. 

   O trabalho Fragmenta-me para depois juntar-me e Enlaça-me para depois perder-se de Gabriella Barbosa apropria-se da ideia de identidade como indivíduos mutáveis, sujeitos ao loop de ciclos de começos e recomeços, das possibilidades de encontros e perdas, de rompimentos e enlaçamentos que a vida molda e remolda.  

   Instabilidade e identidade se mostram conectadas ao molde contemporâneo, os dias atuais nos fazem encarar a mutabilidade da vida e como os corpos carregam o peso por esse processo. Me arranco de mim de Laura Trigo e Cotidiano de Laura Reis mostram o impacto da pandemia em nossas identidades e o processo de transmutação. 

   Fragilidade. Linha afetiva: reparação e separação em corpos cortantes de Gabriella Barbosa e O sangue sob a pele de Natalia Tavares apresentam a vulnerabilidade do eu, corpos frágeis e mutáveis à deriva da necro contemporaneidade. O sobrou de nós na dualidade entre o eu real e a construção de mim dos outros para os outros?

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